Pé na Terra

UTOPIA por um Mundo melhor é possível (e urgente). Fazer e acontecer é desafio que nos transforma em atores de uma revolução.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A Folha e o neocolonialismo petroleiro


Com o título de “TV Companheira”, o jornal Folha de São Paulo – que tem o nome marcado por ter defendido e colaborado com operações da ditadura em torturas e mortes de prisioneiros políticos  - publicou artigo de Eliane Cantanhede tentando atingir, sem o lograr, a credibilidade jornalística da Telesur, La nueva televisión del sur, em seu esforço de cobrir a crise na Líbia.

Há muitas lições a partir da precária nota da jornalista. Primeiramente, está escancarado que a grande mídia comercial brasileira, seguindo orientações dos conglomerados internacionais midiáticos, editorialmente controlados pelas indústrias bélicas, petroleiras e a ditadura financeira, sempre protegeram os ditadores do Oriente Médio que serviram e ainda servem a estes interesses. A Folha de São Paulo está dentro deste leque de proteção aos “ditadores amigos”.  Assim é que durante mais de 30 anos protegeu Mubaraki, tratando-o como o árabe moderado, porque transformou o Egito em cúmplice do massacre do povo palestino por Israel, com o apoio de Washington. Durante 30 anos a Folha de São Paulo  jamais cobrou eleições diretas ou democracia no Egito, mas, revelando a imensa hipocrisia da sua linha editorial de dois pesos, duas medidas, engajou-se na campanha dos oligopólios midiáticos mundiais contra o governo da Venezuela que, em 12 anos, eleito pelo voto, realizou mais de 15 eleições, plebiscitos e referendos livres, vencendo 14 deles e respeitando democraticamente o único resultado eleitoral adverso  registrado.

“Ditaduras amigas” foram protegidas

A reportagem de Telesur está sim na Líbia, como esteve no Egito e na Tunísia, para oferecer uma cobertura com linha editorial diferenciada, sem qualquer influência do poder petroleiro comandado pelos países imperialistas. Telesur não descobriu somente agora que Mubaraki era um ditador e que saqueou recursos do povo egípcio, bem como seu comparsa Ben Ali, tunisino, sempre protegidos pelos grandes países imperiais como EUA, França, Inglaterra etc., por se transformarem em peões da política que facilita a intervenção militar imperialista no mundo árabe, com o óbvio objetivo de rapina sobre suas imensas riquezas energéticas, da qual são tão dependentes.

A linha editorial que protegia Mubaraki, era a mesma que sempre condenou Kadafi. Não supreende. Kadafi nacionalizou a riqueza petroleira da Líbia e usou esta extraordinária receita para transformar o país , hoje possuidor do mais elevado IDH da África e dos mais elevados no mundo árabe. Este exemplo se chocava com os interesses imperialistas. Preferiam que Kadafi fosse como a oligarquia que reina sobre a Arábia Saudita, a mais maquiavélica das ditaduras da região, sob a proteção da mídia comercial internacional, inclusive a Folha de São Paulo. E sem uma linha sequer da articulista que esboce qualquer reivindicação democrática para este país, cujo petróleo é rigorosamente controlado por empresas dos EUA. Portanto, rigorosamente diferente da Líbia, onde o petróleo foi estatizado permitindo uma elevação do padrão de vida do povo, com progressos reconhecidos internacionalmente nos serviços públicos e gratuitos de educação e saúde, com uma renda per capta e um salário mínimo que superam em muito os registrados no Brasil e na Argentina. Estas informações nunca circularam nem no fluxo internacional da mídia comandada pelos poderes do petróleo, das armas ou do dinheiro, muito menos aqui na submissa Folha de São Paulo.
Ao contrário desta linha editorial complacente com os crimes que se comentem contra os povos árabes, em particular contra o povo palestino, Telesur , em sua curta existência, pouco mais de 5 anos de vida, procura revelar, com critérios jornalísticos,  a falsidade e hipocrisia dos discursos “democráticos” que servem sempre de parâmetros para as coberturas que tentam esconder sob o palavreado democrático, o objetivo fundamental que esta mídia cumpre: dar suporte e favorecer o controle total das riquezas energéticas do Oriente Médio pelos trustes imperialistas. É por esta razão que a Folha de São Paulo tenta, inutilmente, atacar a Telesur, porque questiona e se diferencia do jornalismo obediente ao poder bélico-petroleiro que tantas vidas ceifa na região, inclusive na própria Líbia, tantas vezes bombardeada, agredida e boicotada pelos países membros da Otan. É a subserviência a esta política imperial que leva a Folha e sua articulista a afrontarem as políticas externas soberanas que os países do eixo sul-sul estão desenhando, com o objetivo de libertarem-se das algemas da OTAN, inclusive postulando a criação de uma Organização do Tratado do Atlântico Sul, proposta defendida por vários países sistematicamente enfrentados pela linha editorial da Folha, inclusive por Kadafi, certamente, uma das tantas razões que o leva a ter sido sempre condenado pelos imperialistas, pela ONU, pela OTAN.  Vale lembrar que Kadafi teve sua residência destruída por um bombardeio ordenado por Bill Clinton, no qual morreu sua filha recém-nascida. A articulista escreveu algum protesto na época? Ou lamentou que a pontaria poderia ter sido mais certeira?

Hipocrisia editorial

Mubaraki  foi protegido e elogiado por este jornalismo tipo Folha de São Paulo  -  que, aliás, não chamava Pinochet de ditador, mas de presidente  -  porque comandou o retrocesso das conquistas socioeconômicas que o Egito havia alcançado durante a Era Nasser. Tal como aqui a Folha serve aos interesses estrangeiros e de seus prepostos internos que operaram para demolir as conquistas da Era Vargas; o elogio e a tolerância para com a ditadura de Mubaraki deve-se ao fato dele desconstruir  o nacionalismo revolucionário de Nasser, aliado da Líbia e da Síria, colocando o Egito na posição de ser um vergonhoso coadjuvante da macabra política israelense na região,  a serviço da indústria petroleira imperial. Mas, os milhões de egípcios nas praças estão escrevendo outra história para aquele país!
Telesur conta esta história. Faz jornalismo para revelar o direito histórico da luta dos povos árabes por sua independência, por sua soberania. É por isso que incomoda tanto. É por isso que agressão da Folha não surpreende, faz parte da blitz midiática internacional que sustenta o intervencionismo militar dos grandes países imperialistas. Esta mídia atua como os clarins que anunciam e clamam pela guerra!
Independente do desfecho que esta crise na Líbia produzirá, a esta altura imprevisível,  não há como não perceber  a imensa hipocrisia jornalística dos que  se calam diante dos sanguinários bombardeios que estão caindo agora mesmo sobre a população civil no Afeganistão, ilegalmente ocupado pelos EUA, ou no Iraque, onde mais de um milhão de vidas foram dizimadas a partir de uma guerra iniciada por meio de  grosseiras falsificações de notícias sobre a existência de armas químicas naquele país, fraude jornalística que a Folha de São Paulo  endossou, o que lhe retira qualquer moral, juntamente à assessoria que prestou à ditadura militar no Brasil, para reivindicar democracia ou clamar por direitos humanos.

Colônia petroleira
Provavelmente, a crise atual na Líbia tenha também explicação pelos erros cometidos pelo seu governo, entre eles, provavelmente o mais grave,  o de ter realizado inesperados e improdutivos acordos com os EUA, com a Inglaterra, com o FMI, inclusive dando início a medidas de privatização injustificáveis e abrindo mão, unilateralmente, do programa de energia nuclear, bobagem que o Irã e o Brasil, mesmo sob pressão, indicam não estarem dispostos a cometer. As concessões de Kadafi aos patrocinadores da morte e de opressão contra os povos iraquiano, afegão, palestino, entre eles Bush e Blair, aprofundou, certamente, os conflitos internos, agravando as disputas tribais, facilitando a infiltração dos que nunca aceitaram a nacionalização do petróleo líbio. Agora, a Folha de São Paulo, que se crê tão moderna, apresenta-se aliada aos que levantam novamente a bandeira da Líbia do Rei Idris, demonstrando preferir   operar para o retrocesso histórico da república à monarquia, o que faria da Líbia uma colônia petroleira controlada pelos conglomerados anglo-saxões.

Enquanto as grandes redes oligopólicas de tvs comerciais operam para justificar, auxiliar e assessorar a pilhagem dos recursos energéticos dos povos,  -   por isso assumiram editorialmente as mentiras que justificaram a guerra de rapina contra o Iraque  -    Telesur coloca seu jornalismo a serviço do direito dos povos de conhecerem na íntegra a versão objetiva dos fatos, inclusive dando voz aos povos que lutam, que buscam construir modelos de sociedade em que a soberania sobre seus recursos e o seu uso em benefício da população sejam sagrados. Telesur tem consciência de quão árdua é a meta de fazer um jornalismo não controlado pelos oligopólios da guerra, do dinheiro e do petróleo. Mas, desta meta não se afastará, pois foi como expressão dos povos que se rebelam na América Latina contra a dominação imperial que nasceu e que assumiu como bandeira o princípio “ O nosso Norte, é o Sul”

Beto Almeida, Membro da Junta Diretiva da Telesur

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Regulamentação JÁ!

por Narinho Costa

                Para refletir...

                Mais um tema que devemos levar adiante e aprimorar o nosso debate. O que entendemos por imprensa livre???
                   
                Nosso maior formador de opinião são os meios de comunicações, como não regulamentá-los??? O Flamengo tem a maior torcida do Brasil e 80% de seus torcedores nunca foram ao Rio de janeiro!!!

                Os médicos tem o CFM, os advogados tem a OAB, engenheiros e arquitetos o CREA e os jornalistas tem o que p/ serem regulamentados???

                A minha liberdade vai até onde começa a de meu semelhante, e para uma VEJA, p/ um Mainardi e para aquele comentarista de Sta. Catarina que disse ao vivo na Globo de lá, “malditos miseráveis que agora podem comprar um carro” não extrapolaram a sua liberdade???

                A imprensa tem que ser livre sim, mas tem que ser séria, tem que educar ao invés de emburrar...

                Não podemos viver a vida inteira sob os interesses econômicos desses meios de comunicações, onde fazem tudo pensando simplesmente no seu lucro e nos seus interesses  políticos/financeiros, onde colocam um jogo de futebol as 22 horas, cooptam os políticos e pronto, como aconteceu com os vereadores de SP, que haviam votado uma lei que não poderia ter jogos de futebol após as 21 h, foi aprovado por ampla maioria em primeiro turno e pasmem, no segundo turno o poderio da GLOBO, reverteu a situação.

                Quando entra o debate de um órgão regulador de imprensa, a mídia leva p/ um debate político de direita e esquerda, e os menos avisados, acham um absurdo, que querem retalhar e manipular a imprensa, pelo amor de Deus.

                Em todos nossos debates políticos  as opiniões convergem sempre no sentido que p/ o nosso país se desenvolver precisamos de educação, então, nossos filhos ficam 5 horas dentro de uma sala de aula p/ aprenderem e depois tem um bom tempo livre  pra ficarem ”emburrando” frente a uma concessão pública que são nossos meios de comunicações, principalmente com uns programas de televisão de baixíssima qualidade e com interesses obscuros???

                Nos países desenvolvidos em sua maioria, existem órgãos reguladores da imprensa, por que aqui no Brasil fazem disso um bicho de sete cabeças, que isso é coisa da esquerda???

                Vamos parar de “emburrar” e de se submeter aos interesses econômicos de poucas famílias (Marinhos, Frias, etc.) e melhorar as nossas programações e informações.

                Até hoje essa nossa mídia nos informa que a Venezuela é uma ditadura de esquerda, só não informa que nesses últimos 12 anos seu presidente passou por 3 eleições  e 4 plebiscitos e foi vitorioso em todos, e em contrapartida essa mesma imprensa não informa as verdadeiras ditaduras de direita impostas a mais de 30 anos com o aval total e irrestrito dos Estados Unidos, onde os povos Árabes, depois de tanto sofrimento (fome, desemprego) se rebelaram contra essas tiranias. Se não fosse assim, a grande maioria dos brasileiros não saberiam nada sobre esses fatos da Tunísia, Egito e etc.

                Todos países que se tornaram nacionalistas, valorizando suas riquezas minerais e vegetais, no nosso caso (Pré-sal, Amazônia),  a Vale do Rio Doce já havia sido doada pelo FHC, são considerados opositores dos americanos e com isso criticados ferozmente pela nossa mídia.

                Os maiores fabricantes de armas do mundo e conseqüentemente de guerras, são os Estados Unidos, precisam de muito petróleo, se os países Árabes se tornarem nacionalistas, como a grande parte da América do Sul, onde os Americanos vão buscar petróleo mais facilmente???

 Na realidade já haviam cooptado os nossos neo liberais, que já estavam entregando tudo de mão beijada p/ eles (PETROBRAX), ou vocês acham que a turma do FHC não sabia da existência do Pré-sal???

Podemos ter posicionamentos políticos diferentes, mas não podemos tapar o sol com a peneira, algo precisa ser feito.

                A mídia serve p/ informar e educar, não p/ emburrar.


Atenciosamente

Narinho Costa

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Dacar precisará de retorno

Ane Cruz
Feminista do PT/RS
“As mulheres devem e podem tomar posição em relação à condição que lhes é atribuída.” Awa Thiam,  escritora do Senegal,1978.

            Mais de 120 países desembarcaram em Dacar/Senegal entre os dias 6 e 11 de fevereiro de 2011. Todos estes países protestando "Por um mundo sem fronteiras" e "não à expulsão dos imigrantes, sim à justiça social".
            Começava assim a 11ª edição do Fórum Social Mundial (FSM), eram aproximadamente 20 mil pessoas pela avenida naquele domingo, 6 de fevereiro caminhando com um sol escaldante e escassez de água... no caminho se encontrava muitos brasileiros e brasileiras vindos de toda parte, eram gaúchos, paulistas, cariocas. Parecia mais que estávamos em Belém, quando aconteceu a última edição do FSM no Brasil em 2009 e em todos os idiomas gritavam junto ao povo africano e aos demais povos: “por um mundo mais justo, sem violência e equitativo”.
            O cenário era um imenso e fértil terreno da diversidade social mas sobretudo marcado pela cor negra da pele e pelo modo de vestir. Eram muitos panos coloridos, típicos de um povo africano e que pintavam os mais de três quilômetros percorridos até a Universidade Cheikh Anta Diop de Dacar.
            A língua mais falada no Senegal é wolof, mas era em francês, espanhol, inglês, árabe, português e muitos outros idiomas que os participantes gritavam em voz alta que "outro mundo é possível". Além disso, criticavam também o capitalismo, que eles responsabilizaram pela pobreza de milhões de pessoas no mundo.
No decorrer da caminhada encontrávamos caminhões com alto-falantes com música folclóricas que acompanharam a manifestação, grupos de vários países fizeram os participantes dançarem e transformaram a caminhada mais amena em ritmo de uma verdadeira festa africana.

As mulheres do Senegal
            É habitual ver as mulheres com seus rostos cobertos e suas vestes fechadas dos pés ao pescoço, assim como é “normal” presenciarmos mulheres carregando seus filhos nas costas e saber que mulher não pode sair desacompanhada em via pública. Além disso, é “normal” que em países da África a poligamia masculina é permitida e que atualmente mulheres e meninas venham a morrer ou sofrer seqüelas irreversíveis por conta da castração genital.
            Mas esta história, mesmo que em passos lentos, teima em se modificar. No Senegal, o envolvimento das mulheres para sair da marginalização e da discriminação aconteceu por meio das associações e organizações femininas oriundas da elite intelectual. E as primeiras feministas vieram da Escola Normal das Jovens Mulheres de Rufisque (é desta escola que saíram as primeiras mulheres escritoras do Senegal) e organizaram-se para criar estas associações[1]. E assim foi por muito tempo, a história sendo contada e recriada pelas escritoras, as quais fazem parte das primeiras gerações que, através dos quadros desenhados sobre a sociedade, mostraram, com palavras, o sofrimento vivenciado pelas mulheres na sociedade senegalesa, esta realidade foi mostrada na 11ª Edição do FSM em Dacar.

E a luta tem de continuar...
            Somente em 1978 com manifesto de Awa Thiam, escritora e ativista, foi que as mulheres senegalesas começaram a questionar o patriarcado que sufocava as mulheres e à elas era destinado um papel secundário na sociedade. Foi por causa deste movimento de igualdade e a consideração dos direitos das mulheres que o Senegal vota uma lei contra as mutilações genitais femininas em 1999, vinte anos depois.
            Foi com a Conferência africana sobre as mulheres em 1994 e, sobretudo, a de Beijing em 1995, que os movimentos de mulheres começaram a introduzir em seus programas as questões críticas que impediam a luta das mulheres senegalesas. 
            O Senegal, de acordo com as disposições da Convenção para a eliminação de todas as formas de discriminação em relação às mulheres (CEDAW), adotou a lei nº 99/05 de 29 de janeiro de 1999, relativa à penalização do assédio sexual, das mutilações genitais femininas, das violências conjugais, da pedofilia e ao reforço das sanções quanto ao estupro e o incesto. Esta lei constitui uma vitória do movimento das mulheres não só no Senegal, mas no mundo todo.[2]
            Se por um lado, Senegal ratificou quase todas as Convenções e Tratados relativos à proteção da pessoa, por outro, isto não se traduz na vida real. A fome e a miséria ainda fazem parte do cotidiano de milhões de mulheres e crianças.
Da vida real às contradições

            “Nós respeitamos as mulheres” disse o Presidente do Senegal Abdoulaye Wade em cerimônia realizada com o ex Presidente Lula no Fórum Social Mundial. Verdade ou não, no Senegal, a representação das mulheres em instituições políticas ainda é muito baixa. As mulheres constituem mais de 52% da população total, de acordo com as estatísticas oficiais do país. Na Assembléia Nacional, só há 33 deputadas, representando 22% do total. Só há sete mulheres presidentes de câmaras num total de 107. Praticamente não existem vereadoras nas zonas rurais e 12 mulheres compõem os cargos de Ministras no Governo Wade, incluindo um Ministério de Gênero e outro da Igualdade.
            Mesmo assim, considerando que 95% da população senegalesa é muçulmana, os Deputados da Assembléia Nacional por arrasadora maioria aprovaram em maio do ano passado, a lei de igualdade absoluta entre homens e mulheres em todas as instituições cuja escolha seja parcial ou total, ou seja, as listas de candidatos para as instituições cuja eleição seja parcial ou total, serão compostas alternativamente por pessoas de ambos os sexos determina a Lei da Paridade de Gênero.  A legislação prevê que no caso de o número de membros da instituição ou organismo for ímpar, a paridade se aplicará ao número par imediatamente inferior.
            Por iniciativa do Presidente Wade, as portas do Exército e da Gendarmaria do Senegal foram abertas às mulheres, que foram também admitidas em várias outras instituições reservadas até agora aos homens, segundo informou a Ministra de Gênero e Relações com as Associações de Mulheres Africano e Estrangeiras, Sra. Awa Ndiaye.
            A cidade de Dakar nasceu a partir de um forte francês, substituindo Saint-Louis como capital do país em 1902. Foi também a capital do Mali desde 1959 a 1960, tornando-se mais tarde a capital do Senegal.
            Além disso, é importante lembrar que em Dacar se localiza a Ilha de Gorée, que durante quase 400 anos, entre os séculos XV e XIX[3], o local foi o maior centro de tráfico negreiro para a América.  De Gorée saíram 15 a 20 milhões de africanos – homens, mulheres e crianças - para servir de mão de obra escrava em toda costa oeste dos Estados Unidos, no Brasil e no Haiti. Na casa hoje conhecida como “a Casa dos Escravos” existe um lugar chamado “a porta sem retorno”, pois muitos que passaram por ali sequer desembarcaram com vida do outro lado do Atlântico.
            No ano de 1978, que a UNESCO passou a considerar este lugar como  Patrimônio da Humanidade para ser lembrado pelo mundo inteiro como um exemplo de exploração de um povo, a não ser seguido.
            Para o povo senegalês que viveu uma semana de euforia, de batuques de todas as sonoridades e de todas as cores e raças, de encontro com todos os povos, que ecoaram gritos de ordem de todas as tribos, é importante que o mundo lhes dê retorno de um outro mundo possível. Sem a violação dos direitos humanos e com liberdade para as mulheres.


[1] Aminata Dieye
[2] Ministère de la Famille, du développement social et de la Solidarité Nationale (2003). Evaluation Finale du Plan d’Action National de la femme.Dakar
[3] Fonte: www.africa.jocum.org.br

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Já pensou encontar R$ 8,5 bilhões jogados no lixo?


terça-feira, 15 de fevereiro de 2011 -
Blog Os Amigos do Presidente Lula - 
 
 
 
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, estimou que o Brasil perde R$ 8,5 bilhões por ano por falta de reciclagem de materiais jogados no lixo.
 
Essa é uma das melhores oportunidades que existe para inclusão social de milhares de catadores de materiais recicláveis, que ainda trabalham em situação precária.
 
Para aproveitar esta oportunidade, desde o início do governo Lula que há uma política de valorização deste importante trabalho, com o apoio estatal, linhas de crédito do BNDES, incentivos fiscais e assistência técnica.
 
Na segunda-feira (14), mais um passo foi dado, com mobilização de 16 ministérios e nove instituições federais no Comitê Interministerial de Inclusão Social e Econômica dos Catadores de Materiais Reciclaveis.
 
A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, prevê que o fortalecimento do trabalho dos catadores “pode ajudar muito na erradicação da pobreza até 2014, meta da presidenta Dilma Rousseff”.
 
Izabella Teixeira também vê as muitas soluções na integração dos ministérios: “... alinha agendas ambientais, sociais e econômicas, que vão gerar renda, qualificação profissional e inclusão social... é um trabalho que envolve uma prioridade que diz respeito ao povo brasileiro e não à elite”.

 
Indústria da reciclagem ainda explora mão-de-obra precarizada
 
O coordenador do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Reciclaveis, Alexandre Cardoso, conta que os catadores trabalham até 16 horas por dia e aqueles que estão organizados em associações já chegam a 800 mil.
 
Ele criticou a exploração das indústrias de reciclagem e disse que a maioria dos catadores não consegue ganhar nem um salário mínimo. Apenas 10% dos recursos movimentados pelo setor ficam com os catadores.
 
Um dos líderes do movimento nacional e catador desde os 12 anos, no Rio Grande do Norte, Severino Lima Junior, diz que os trabalhadores que lidam com materiais reciclaveis no Nordeste estão entre os mais vulneráveis do Brasil. “Lá, temos grande dificuldade com a comercialização dos produtos, pois os centros industriais estão no Sul e Sudeste, temos muitos atravessadores”.

 
Prefeitos que deixam catadores excluídos não merecem o voto dos cidadãos em 2012
 
Tereza Campello, afirmou que todos os municípios do país "precisam se engajar na preocupação social e econômica de reciclar materiais".
 
Na última confraternização de natal com os catadores, o presidente Lula cobrou enfaticamente que os prefeitos (incluindo Kassab) assinem convênios com catadores. São as prefeituras que contratam os serviços de coleta, geralmente concentrados em polêmicos contratos com grandes empreiteiras.
 
Mas os prefeitos podem fazer a diferença se contratarem várias cooperativas, muitos catadores, em vez de só contratarem poucas empreiteiras, às vezes multinacionais. Faz bem para o meio-ambiente, e faz bem erradicando a pobreza na cidade.
 
Naquela confraternização os catadores premiaram com o título "amigo dos catadores" os prefeitos que contrataram serviços deles pela prefeitura. Eis o vídeo:



 
 
A instalação do comitê é mais um compromisso cumprido pela Presidenta Dilma
 
O comitê interministerial foi instituído pelo Decreto 7.405, de 23 de dezembro de 2010, ainda no governo Lula, durante confraternização de natal como os catadores, com a presença de Dilma, e implantado na segunda-feira (14).
 
Membros do comitê: Ministérios do Meio Ambiente, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Educação, Saúde, Trabalho e Emprego, Ciência e Tecnologia, Cidades, Desenvolvimento Indústria e Comércio, Previdência Social, Turismo, Orçamento e Gestão, Minas e Energia, Fazenda, Secretaria Geral da Presidência, Secretaria de Direitos Humanos, Funasa, Ipea, BNDES, CEF, Banco do Brasil SA, Fundação Banco do Brasil, Fundação Parque Tecnológico Itaipu, Petrobras, Eletrobras, Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis.
 
(Com informaçõs das agências)
 
 

domingo, 13 de fevereiro de 2011